Os atalhos
“Pesquisa aponta mau uso de pronto-atendimento” esse foi o título de uma matéria publicada no Jornal Correio de Uberlândia em 05/05/2009 (Artigo na íntegra para assinantes).
Segundo essa pesquisa, a cada dez pacientes que dão entrada pelo pronto-atendimento (setor de urgência e emergência) nas Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) de Uberlândia, oito apresentam quadro clínico que poderia aguardar consulta no ambulatório, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Para o secretário muitos pacientes têm a visão errônea de que há mais eficiência e rapidez no pronto-atendimento.
Aparentemente a pesquisa não levantou as causas desse elevado número de “visão errônea” que os pacientes têm do sistema de saúde, o que é uma lástima, pois se não forem detectadas e corrigidas o problema continuará.
Sem uma análise mais aprofundada, podemos imaginar algumas das causas que certamente seriam detectadas, pois esse problema sempre existiu e pelo andar da carruagem permanecerá ainda por muito tempo.
As Unidades Básicas de Saúde deveriam ser locais de excelência, pois têm a possibilidade de resolver 80% de todos os problemas de saúde de uma população. Para isso elas precisariam ser facilmente acessíveis e terem equipes bem treinadas e comprometidas com a saúde pública.
Mas na prática não é isso que acontece, marcar uma consulta é uma verdadeira prova de resistência para alguém que já não está bem da saúde, a espera entre a marcação e a realização da consulta é um teste de paciência e o atendimento recebido em todas as etapas do processo chega a ser desumano.
Diante desse quadro, o paciente quer mais é um atalho para aliviar seu sofrimento de forma mais rápida possível, e esse atalho ainda é o balcão do “pronto atendimento”.
Por incapacidade de oferecer um atendimento rápido e de qualidade na rede ambulatorial, os gestores da saúde criaram uma cultura do “pronto socorro” e hoje esses mesmos gestores dizem que a população é que está errada.
No entanto não fazem nada para corrigir o erro, disseminar os hábitos corretos e oferecer um atendimento eficiente, mantendo assim aquela “visão errônea” da população que tanto criticam.