Criei esse espaço para escrever sobre minhas experiências na área da saúde, o nome veio de um produto regional surpreendente que conheci no norte do Brasil e que é, segundo a sabedoria popular, quase milagroso pois serve para tudo. Como minha intenção é escrever sobre tudo da saúde, o nome me pareceu apropriado. Mas a nossa vida as vezes toma outros rumos e o blog ficou um tanto esquecido. Assim precisava escrever esse texto para todos aqueles visitantes que chegam diariamente até aqui em busca de alguma informação sobre o medicamento que emprestou o título a esse blog, e esses visitantes representam quase 70% das visitas.

Por mais de 20 ano trabalhei em farmácias e drogarias, quando no início da década de 90 fui trabalhar em uma cidade do norte do Brasil, pela primeira vez tive contato com diversos produtos regionais que não conhecia e a Pilula Contra Estupor foi um desses produtos.

O fitoterápico Pílula Contra Estupor é um Produto oficinal, ou seja, ele é inscrito na Farmacopeia Brasileira que é o Código Oficial Farmacêutico seguido no Brasil e que tem como função principal estabelecer os requisitos mínimos de qualidade de medicamentos e outras formas farmacêuticas para uso em saúde.

Me chamou a atenção, a apresentação simples, até “franciscana” do produto: Não contém bula, é comercializado em pequenas embalagens de plástico e/ou papelão contendo 20 pílulas que em sua maioria aparentam ter sido moldadas à mão, e que são acondicionadas sem mais nenhuma proteção. Algumas embalagens constam apenas o nome do produto, o fabricante , o modo de usar e a indicação, outras consta também a composição.

As indicações constantes nas embalagens variam de uma única indicação como “Laxante” a outras mais completas como “Purgativo e Laxativo. Derrames e má digestão” como consta em uma das imagens. A apresentação da fórmula também varia entres as diversas marcas, algumas usam os nomes científico das plantas, outras usam seus nomes populares e algumas mesclam as duas terminologias.

Os componentes do fármaco da imagem são:

Jalapa do Brasil: Ipomoea purga é o nome científico dessa planta da família das Convolvulaceae, também conhecida como Jalapa, Jalapão, Purga de Amarelo Leite, Briônia da América e Jalapa do Brasil. Leia mais em http://goo.gl/UbVW9d

Extrato de Cabacinha: Cabacinha é um dos nomes populares da Luffa operculata também conhecida como buchinha e purga-de-bicho dentre outros. Um artigo interessante sobre essa planta pode ser lido em http://goo.gl/D4ZnAX

Extrato Seco de Aloe: Aloe L. é um gênero botânico pertencente à família Asphodelaceae que conta com mais de 400 espécies, porém, das espécies catalogadas, apenas quatro podem ser utilizadas como tratamento alternativo e somente uma delas é nutritiva o suficiente para ser utilizada como tratamento fitoterápico. Provavelmente esse que consta no rótulo da Pílula Contra é Aloe Vera ou a popularmente Babosa, famosa por suas “mil e uma” utilidades.

Tudo o que está escrito abaixo é mera informação popular recolhida no balcão de uma drogaria e não me responsabilizo por qualquer uso indevido desse medicamento.

O mais impressionante é a quantidade de utilidade/indicação que a população em geral lhe atribui: Abaixa a febre, combate a verminose, corta a gripe, desintoxica, corta a diarreia, reduz a enxaqueca, melhora a dor das juntas, melhora o diabetes, alivia a dor dos rins, ajuda a emagrecer, melhora a libido, faz descer a menstruação atrasada. Todas essas indicações, e mais algumas que já não recordo,  me foram passadas pelos próprios usuários no ato da compra e a partir de minha pergunta: Para quê você usa esse medicamento?

Uma indicação contudo foi de longe a mais surpreendente, uma senhora na faixa dos 40/50 anos me disse que usava a Pílula Contra como anticoncepcional, argumentei que aquilo não podia ser possível pois o produto era um simples laxante. Ela, meio indignada com minha incredulidade disse: Olha moço, tenho seis filhos, cinco são de escadinha, comecei a tomar a “pilula contra” e parei de engravidar por cinco anos aí achei que já estava velha não engravidava mais, parei de tomar o remédio. Engravidei desse que está no meu braço e desde que ele nasceu voltei a tomar a pílula contra, até hoje não engravidei novamente. Como o senhor explica isso?

Confesso que fiquei sem resposta. A criança que estava em seus braços aparentava ter uns três anos, assim deduzi que aquela senhora havia utilizado a Pilula Contra como anticoncepcional, e com sucesso, por pelo menos oito anos. Restou-me perguntar como ela usava o medicamento.  Me disse que tomava uma pílula toda noite e quanto tinha relação sexual tomava duas, simples assim. Fica a dica para os profissionais da área estudarem se existe alguma interação medicamentosa que explique esse efeito surpreendente, pois a análise individual de cada componente não pode explicar.

Se você tem alguma informação a acrescentar, envie-nos através do formulário abaixo:

_{Última atualização: 18 de abril de 2014 às 01:09}