Bons tempos
Tempos atrás quando alguém ficava doente tomava chás e outros remédios caseiros, fazia “simpatias” e/ou procurava benzedeiras, se nada disso resolvesse e como último recurso procurava um médico. Esse profissional era importante, escasso e caro. Sendo assim tinha poucos pacientes e talvez por isso dedicava-lhes uma atenção toda especial.
Escutava suas queixas com atenção, fazia perguntas sobre problemas anteriores, seus hábitos, sua família, seu local de trabalho e outras tantas. Media, pesava, auscultava, apalpava, testava reflexos, enfim alem de ouvir com atenção, realizava uma anamnese completa e um bom exame físico. Depois, com uma opinião formada, conversava com seu cliente olhando-o nos olhos e expunha-lhe os problemas e também as possíveis opções de cura.
Esse modo de agir cativava o paciente e transmitia confiança. E no processo de cura, confiança é tão ou mais importante que o próprio tratamento aplicado. Bons tempos aqueles!
Atualmente, na última consulta que acompanhei, o tempo total de atendimento incluindo o tempo do preenchimento do prontuário, da receita, dos pedidos de exames e dos encaminhamentos a dois especialistas diferentes não foi mais que cinco minutos.
Como alguém que está doente pode receber tamanha desatenção de um profissional que deveria ser o responsável por restaurar sua saúde? Principalmente quando esse profissional sabe que o caminho percorrido pelo paciente para chegar até ali foi extremamente cansativo e demorado?
Estou começando a achar que as benzedeiras, as simpatias e as beberagens eram formas de competição saudáveis para a saúde da saúde pública.