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Desafios

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A saúde pública termina o ano tão mal como começou e sem nenhuma perspectiva de melhora. Mas como seria diferente se ela continua sendo tão mal cuidada por milhares de “profissionais” desqualificados?

Todo ano os gestores da saúde apontam a falta de recursos como justificativa para todos os males do sistema. Eles querem fazer a maltratada população acreditar que o mau atendimento recebido é fruto da falta de dinheiro quando isso não é verdade. Pode até faltar recurso, mas o que é disponibilizado é usado de maneira tão ineficiente que tenho certeza que somente o aumento de verba não é a solução.

Nesse ano muito se falou e foi escrito sobre a EC29, como se a regulamentação dessa emenda fosse uma varinha mágica capaz de resolver todos os problemas. Talvez porque no Brasil tornou-se comum os dirigentes tentarem mensurar os benefícios de um projeto ou os avanços de um determinado setor apenas baseados no montante de recursos que será destinado ou que foi investido, quando quem vive a realidade do dia a dia sabe que isso não é possível, simplesmente porque nos cálculos não são contabilizadas as propinas, os superfaturamentos, os desvios e diversos outros tipos de sorvedouros de recursos públicos, que esses mesmos dirigentes não querem ou não sabem como fechar.

Exemplos de como “a coisa pública” está sendo mal administrada no Brasil não falta. O total do orçamento da segurança pública (União, Estados e Municípios) mais que dobrou de 2003 a 2009, entretanto a população continua tão ou mais insegura que antes, o dinheiro novo que foi injetado durante esses sete anos foi tragado pelos ralos da ineficiência e da má gestão ou então por algo ainda mais sinistro.

Outro caso típico é o Programa de Saúde da Família que desde que foi criado já consumiu muito dinheiro, mas quando os indicadores de saúde das áreas atendidas pelo programa são analisados, em raríssimos casos existe alguma melhora perceptível. Era de se esperar que um trabalho preventivo de qualidade realizado por uma equipe multiprofissional, em uma área restrita apresenta-se melhores resultados. Agora mudaram o nome do programa para Estratégia de Saúde da Família, mas só o nome foi mudado, a ineficácia parece que continua a mesma. Tem algo errado aí, e não é a falta de dinheiro.

É inegável que o total de recursos financeiros destinados à saúde é pouco frente à demanda, mas enquanto um porteiro puder sair de seu posto direto para assumir a gestão da saúde municipal tendo como qualificação apenas a disposição com que trabalhou na campanha política do prefeito vencedor, ou uma dona de casa que nunca trabalhou fora e não conhece nada do SUS ou de administração, for nomeada Secretária Municipal de Saúde só porque seu marido é irmão do prefeito, mais dinheiro não resolverá problema algum.

O futuro ministro da saúde terá muitos desafios pela frente se quiser arrumar a casa, mas será interessante para ele bater de frente com os “donos” do poder somente para melhorar a saúde da população? Só o tempo dirá!

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