Em junho passado escrevi um texto sobre a decisão da ANVISA de “formalizar” o uso de plantas medicinais pelo sistema de saúde brasileiro.

Quando falei que deveríamos “torcer” para que os grupos que seriam afetados diretamente pela decisão não tentassem atrapalhar a implementação da medida  eu imaginava que tanto parte da classe médica quanto da indústria farmacêutica poderiam trabalhar nos bastidores para que a medida tomada pelo governo não prosperasse.

Imagina minha surpresa hoje (29/08/2010) ao assistir em horário nobre da maior rede de televisão do país, a estréia de uma série preparada especialmente para “desmoralizar” o uso de plantas medicinais e sendo apresentada por um peso-pesado da área da saúde no meio televisivo.

Parece que os grupos anteriormente citados sentiram o golpe de forma tão contundente que rapidamente prepararam uma ação “fantástica” para evitar perder terreno na acirrada disputa comercial que se desenrola nos bastidores da saúde pública brasileira envolvendo cifras inimagináveis para nós simples mortais.

E o mais assustador é como foi apresentada a matéria, pois não se falou nenhuma grande inverdade, apenas deixaram de falar toda a verdade, e isso faz muita diferença quando o publico alvo não consegue ter uma visão mais abrangente sobre o tema.

Qualquer medicamento tem sua eficácia muito limitada, pode mascarar sintomas, pode ser totalmente inócuo, pode ter contra indicações e reações adversas sérias, e tudo isso vale tanto para as plantas medicinais quanto para os medicamentos industrializados, porque depende que quem prescreve, como prescreve, de quem toma a medicação e de como ela é tomada.

Mas o programa apresentado hoje procurou mostrar somente o lado negativo das plantas medicinas e isso é no mínimo suspeito. Vamos acompanhar essa disputa torcendo para que o bom senso prevaleça no final e a população não seja apenas uma vítima indefesa do corporativismo e da ganância de poucos.